terça-feira, 27 de março de 2012

Sem piso, sem carreira, e agora também sem merenda


Merenda é negada a professor
Segundo Secretaria de Educação, regra sempre existiu, mas não era fiscalizada 
Publicado no Jornal OTEMPO em 27/03/2012
 
RAFAEL ROCHA
A falta de merenda para alunos - algo comum em épocas passadas - não é mais o problema. Agora são os professores de escolas estaduais que reclamam da proibição de comerem a merenda escolar. Segundo os educadores, as Superintendências Regionais de Ensino (SREs) estão apertando o cerco sobre a alimentação comprada com dinheiro público e chegam a impedir até que os docentes tomem o cafezinho feito nas instituições de ensino.

Como não recebem tíquete-alimentação, os profissionais se alimentavam durante o trabalho com a mesma comida oferecida aos alunos. A partir deste ano, no entanto, por determinação das SREs, os professores têm que tirar dinheiro do pagamento para fazer o lanche ou a refeição no expediente. Comprar comida dentro da escola também é inviável, já que a Secretaria de Estado de Educação (SEE-MG) mandou fechar os comércios que existiam em colégios.

O problema do uso da merenda por profissionais foi notado por membros do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão do Ministério da Educação (MEC), durante visita a escolas mineiras, no ano passado. Embora não haja lei sobre alimentação escolar que proíba o consumo por professores, a SEE-MG emitiu ofício às SREs orientando que a prática é proibida. A alegação é que "o consumo é exclusivo dos alunos".

Reclamações. A reportagem apurou que a insatisfação ocorre em várias cidades. Conforme a SEE-MG, a orientação vale para todo o Estado. Em Nova Era, na região Central, uma diretora que pediu para não ser identificada informou que a proibição sempre existiu, mas que agora houve aperto na fiscalização. "Isso criou um constrangimento, pois a secretaria informou que não podemos dar comida aos professores nem se a merenda sobrar", disse. Ao todo, 23 escolas são vinculadas à SRE de Nova Era.

Em Itabira, no Vale do Aço, professores também não podem nem tocar na refeição fornecida pela escola. "Isso coloca os diretores contra professores e funcionários. Não recebemos vale-alimentação nem vale-transporte e muitos professores trabalham em dois turnos", declarou uma professora.

Na mesma cidade, uma docente que trabalha na Escola Estadual José Ricardo Martins
Fonseca disse que sofre represálias há 15 dias. "Sempre pudemos comer a merenda. Antes, os diretores faziam vista grossa, mas agora os inspetores estão pegando no pé".

O aperto na fiscalização ocorreu neste mês, após reuniões entre inspetores da SEE e diretores. Segundo uma professora que foi a um dos encontros, os diretores estão sujeitos a punições administrativas se descumprirem a ordem. A SEE nega que haja sanção. 
Fonte: http://www.otempo.com.br/noticias/ultimas/?IdNoticia=199324,OTE
Comentário inicial do Blog: O governo de Minas não paga o piso profissional nacional, destruiu a carreira dos educadores, não paga vale refeição, nem vale transporte. E agora cortou a merenda. Se o governo pagasse o piso corretamente na carreira seguramente muitos professores não dependeriam da merenda escolar para se alimentar. Mas com o salário de fome que o governo paga faz com que vários professores, que são arrimo de família e trabalham em dois turnos dependam desta merenda para se alimentar. O problema principal não está no corte da merenda, mas no salário de fome que se paga aos educadores, obrigados que estão a sobreviver com dois salários mínimos apenas de teto salarial. Sem piso, sem carreira, sem merenda, e até mesmo sem o cafezinho! Oh Minas!!!

4 comentários:

  1. Sou professor de uma escola de Manhuaçu e não temos o direito de merendar na escola segundo a direção da escola.

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  2. Ridículo,que situação !É preciso saber votar gente se não fosse o voto eles não estariam no poder.E ainda tem gente fazendo campanha para votar nulo.Que ignorância.

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  3. "A falta de merenda para alunos - algo comum em épocas passadas - não é mais o problema."
    O que era comum em épocas passadas voltou a rondar as escolas estaduais de Minas Gerais.Neste mês de março o governo do estado depositou para as escolas somente metade da parcela da verba da merenda e não depositou a verba de manutenção e custeio.Quando questionei esta situação na S R E Metropolitana A,fui informada que o Estado de Minas Gerais está pendente com as prestações de contas no FNDE e não sabem quando erá regularizada, ou seja não há previsão de complementação da verba da merenda ou do repasse da verba de manutenção e custeio.
    Aparecida
    ATB Financeiro

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  4. Parabéns Marly Gribel, por defender a nossa classe, gostei muito da carta enviada ao Sr ministro da educação.Estou desmotivada, triste, leciono numa outra cidade, gasto com combustível, lanche, me sobra muito pouco do que recebo...Ouço somente cobranças na escola...faça isso...não faça aquilo...se bem que tem que ter regras, mas, como vamos ter ânimo para enfrentarmos determinadas situações com este salário de fome??A escola não me oferece suporte para fazer um bom trabalho, não tem xerox, não posso imprimir nem provas, leciono geografia, os mapas são antiguissímos, globo quebrado...e se for ficar citando aqui...tem muito mais...mais...

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